sexta-feira, 29 de maio de 2009

Produção de alimentos e energia de biomassa geram discussões





































A utilização de alimentos para a produção de biocombustíveis e as alternativas enérgicas em biomassa foram o destaque do último dia do Sustentar 2009, que começou na quarta-feira (27) com o objetivo de estreitar as discussões sobre a relação entre energia renovável, produção de alimentos, mudanças climáticas e futuro do planeta. Mais de 600 pessoas se inscreveram para participar do evento, atingindo as expectativas dos organizadores.

O primeiro painel, apresentado pelo representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação no Brasil (ONU-FAO), José Tubino, tratou do consumo de alimento e energia no mundo. Segundo o palestrante, a sua apresentação foi baseada em pesquisas realizadas pela ONU que apontam que a atual crise econômica e financeira afeta a segurança alimentar. “A alta do preço dos alimentos resultou no aumento da fome mundial desde 2007. O mundo deveria ficar atento às novas ameaças à segurança alimentar e aos desafios da agricultura de longo prazo, e não somente à crise”, disse.

Tubino afirmou que, segundo a ONU, em 2007 havia cerca de 923 milhões de pessoas passando fome do mundo. Em 2009, o número pode chegar a um bilhão. Desta forma, ele defende o uso racional de alimentos para a utilização de biocombustíveis, uma vez que milhões de pessoas no mundo estão morrendo de fome. “Cinquenta por cento da cana-de-açúcar no Brasil são utilizados para a produção de etanol. Sou a favor dos biocombustíveis, mas não podemos esquecer o fator humano. Há pessoas passando fome. Para tentar resolver esta questão é preciso adotar uma abordagem recíproca com redes de segurança e investimentos na agricultura”, sugeriu.

Alternativas
Na segunda parte do evento foram apresentadas algumas alternativas energéticas em biomassa. O primeiro painel foi ministrado por Nelso Pasqual, que falou sobre a Granja São Roque, de Videira. A granja, que começou com 19 mil suínos, em 2003, e agora tem um plantel de 47 mil suínos, produz energia com biodigestores para abastecer o local. “A sociedade não aceita mais a poluição e cobra dos produtores mais ações. É uma pena que isso tenha chegado tão tarde”, falou.
De acordo com Pasqual, a propriedade foi reestruturada de forma sustentável para gerar energia elétrica e produzir adubo orgânico. “Nós conseguimos trabalhar a produção de biocombustível e a natureza de uma forma conjunta. Sem deixar nenhum desses pontos para trás. Todos estão crescendo de forma correta.”

Outro exemplo de alternativa energética foi apresentado por Marcelo Teles, representante da Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil (Cooperbio). “Um das principais questões a ser discutida é a competição entre produção de energia e produção de alimento. Porém, é possível organizar sistemas produtivos que, por exemplo, conciliem ambas as produções a partir de oleaginosas em sistemas agroflorestais”, falou.

A Cooperbio propõe a implantação de sistemas camponeses de produção integrada de alimento e energia, tendo como base a soberania alimentar que é o cultivo de alimentos saudáveis através de sistemas diversificados de produção, e a soberania energética, que é a produção de energia como um subproduto da produção de alimentos e tem como objetivo central a autonomia energética das comunidades camponesas. (Graziela May Pereira/Divulgação Alesc)

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