quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sustentar 2009 apresenta alternativas de produção de energia elétrica com menor impacto ambiental
















A criação de mecanismos para atender as necessidades energéticas com o menor impacto ao meio ambiente foi o foco da última conferência do Sustentar 2009 desta quinta-feira (28). Entre as alternativas apresentadas para a produção de energia elétrica menos agressiva estão as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), o parafuso de Arquimedes e a escada de “meandros”. As duas últimas são tecnologias trazidas da Alemanha e ainda são pouco difundidas em Santa Catarina.
Uma experiência de cooperativa na eletrificação rural foi apresentada como sugestão de melhoria na distribuição e com menor custo. Sérgio Miotto faz parte da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai (Creral), que opera em Erechim (RS) com duas mini-usinas elétricas locais com capacidade para produzir 5,5 GWh/por ano, o que equivale a 25% da demanda total.
Os cerca de 6,3 mil associados são abastecidos com a produção e o restante da energia é comprada de outras PCHs. “Optamos por este tipo de fornecimento porque a energia é de melhor qualidade, aumentou a carga disponível e a sobra de recursos na cooperativa pode ser investida na troca de postes, de transformadores, cabos e na agilidade nos chamados, além de novos projetos”, explicou.
Miotto contou que a implantação das mini-centrais custou aproximadamente R$ 3,6 milhões. Os recursos puderam ser financiados por bancos públicos e privados e estão sendo quitados com a venda da energia e créditos de carbono. As mini-centrais trouxeram a redução da emissão de CO 2, acarretando em um lucro de 17 mil euros para a cooperativa em 2008 só em créditos de carbono. “Recebemos o prêmio Ashden 2008, na Inglaterra, principal prêmio mundial para a energia verde”, comentou.
Além da produção de energia elétrica, a cooperativa desenvolve outros projetos no segmento, como a micro-destilaria de álcool. Em seu terceiro ano, serve para o auto-consumo da cooperativa e ainda abastece os veículos das 17 famílias que fazem parte do projeto, em processo consorciado com a produção de alimentos como leite, carne e adubo orgânico. “Temos intenção de construir um centro comunitário e uma agroindústria para a produção de sucos, compotas e doces derivados da cana junto com frutas da época”.

PCHs
Filipi Koefender apresentou o projeto da Desenvix, empresa que está no mercado há cinco anos, é investidora de energias sustentáveis e construiu a PCH Santa Laura, localizada entre os municípios de Faxinal dos Guedes e Ouro Verde, região Oeste catarinense. Com uma potência de 15 MW e uma área de reservatório de 300 hectares, o suficiente para abastecer uma cidade com 50 mil habitantes, a Santa Laura teve seu licenciamento ambiental conduzido pela Fatma e ganhou um prêmio da instituição pelos projetos desenvolvidos na área de preservação e recuperação ambiental.
Para implementar o projeto, a Desenvix desenvolveu 18 programas, durante a construção da PCH, para diminuir os impactos sociais e ambientais, consolidar a faixa de preservação permanente com reflorestamento, programa de recuperação de áreas degradadas e proteção da mata ciliar, bem como o monitoramento da água do Rio Chapecozinho.

A Santa Laura optou pela contratação de empresas catarinenses para o empreendimento: as obras de escavação ficaram a cargo da Comax, de Xanxerê, os geradores são da Weg, de Jaraguá do Sul, e as turbinas hidráulicas são fabricadas pela Hisa, de Joaçaba. “Além de produzir energia também queremos fomentar o mercado de produção do material desenvolvido no estado em que a PCH será instalada”, declarou.

Parafuso de Arquimedes
Rainer Meier, representante da empresa Atro, veio da Alemanha exclusivamente para apresentar a tecnologia conhecida como Parafuso de Arquimedes. Como não fala português, a palestra teve de ser ministrada pelo seu conterrâneo, Ulrich Werder, que agraciou o público com sua simpatia e improvisação em um Português carregado de sotaque.

O parafuso de Arquimedes é um dispositivo da construção técnica para gerar energia elétrica oxigenando a água e permitindo que o rio consiga manter o seu processo natural, preservando os peixes. De acordo com a apresentação, o parafuso reproduz a passagem dos peixes por um rio de baixa correnteza, se instalado junto a uma PCH. “Com estes parafusos, os peixes não correrão riscos para fazer a subida das águas tracionadas pelos próprios parafusos, garantindo sua reprodução. Além disso, as graxas e lubrificantes utilizados são biodegradáveis. Portanto, o impacto ambiental é mínimo”, explicou.

Escada de “meandros”
Com a construção de uma barragem, o ciclo reprodutivo de diversas espécies de peixes fica prejudicado, já que eles nadam rio acima para fazer a desova. Para minimizar o problema, a solução apresentada por Ulrich é a construção de escadas sequênciais de tanques que formam uma corrente artificial capaz de estimular a subida dos cardumes.
De acordo com o palestrante, a usina de Itaipu já utiliza este método em quatro quilômetros do rio Paraná, produzindo faixas de água que orientam os peixes a fazer a subida. “Com a escada, o peixe sente a pressão exercida pelos parafusos, procura outra parte do rio para ir contra a correnteza e não fica desorientado”, confirmou o alemão. (Denise Arruda Bortolon/Divulgação Alesc)

Nenhum comentário:

Postar um comentário